sábado, 6 de maio de 2023

Bruised: a fenix do underground

Deixa o grave bater. Porque o buraco é bem mais embaixo do chao que nos sustenta. Alguns já estiveram lá. Sentiram o cheiro insuportável do podre quando apodrece. Imobilizados. Estáticos. Tomando na cara o tempo todo. Já sem sorriso. Sem dentes. Sem guarda pra fechar o corpo. Dado como morto. Esquecido. Em paz. Sim, há paz no fundo do poco.

Abre os olhos. A luz incomoda. Mas nao cega. Respira a conta gotas. Dado como morto porém vivo. Levanta. O poder de quem pegou impulso no fim é abusurdamente enorme. Mas quem levantou voo com ele, nao tem nocao disso. Entao, aos trancos e barrancos. Aos palavroes. Lambendo o chao e dormindo sem teto, segue até encontrar um motivo que fala com autoridade para todas as encarnacoes. 

Arise, com o vigor daquele álbum do Sepultura. Agora quem samba em nossa cara é a vida. E de luz em luz, um colar que guia. Do qual se orgulha ter como amuleto.

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Ah, estou escutando a trilha recheada de graves e palavroes e me lembrando do filme dirigido e estrelado por Halle Berry sobre o ressurgir de uma decadente lutadora de MMA. Confesso que comecei sem expectativas mas a rica narrativa me cercou e lá fiquei. Refletindo sobre o o mito da Fenix. Sobre o poder das lutas que muitos questionam ser esporte. Talvez porque a violencia seja brutalmente exposta. Refletindo sobre amores brutos e doces. Sobre se apaixonar por quem, com sabedoria e sobriedade, nos estende a mao e te dá um abraco. Sobre como os vícios nos tornam estéreis. E, por pouco, nao nos tiram a alma para, em seguida, nos tirar a vida. Sobre o visceral sentimento da maternidade. Sobre o feminino que extrapola o sexo. Sobre o afeto que muitos nao conseguem entregar de forma carinhosa. Sobre os undergrounds e as redencoes. De todos. 

Olha, é isso. Vai lá ver. Se permita explicit topics, violence, lyrics & redemption.