quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

Easy like Sunday morning

 


Terminei de assistir Nyad decidida a fazer minha segunda maratona aquática da vida. 

Era dia 11 de novembro e a prova marcada para 10 de dezembro. Uma decisão surreal porém fluida e quase natural. Me sentia pronta sem racionalmente saber se realmente estava. Quando o corpo informa, o sensato é a mente obedecer. Dito e feito. 

O tal "meu" corpo decidiu que a cada semana entregaria uma crescente de quilometragens medidas de forma analógica. Algo como “do posto 6 ao 4 duas vezes ida e volta”. Era isso. Me comprometia e entregava. 

Tudo foi de fato muito leve. Já no segundo treino longo, a coach Andrea Orlandi aceitou a ideia e, sem drama porém com muito alto astral e maestria, conduziu do sonhar ao realizar de forma impecável. 

Chega o dia. Era uma no meio de (literalmente) milhares numa manhã cinza em Copacabana, prontos para se desafiar, estar com a família dos esportes aquáticos de praia e terminar o ano com chave de ouro. Cada um com seu nobre propósito. 

Larguei entre 18 mulheres. Quando me dei conta, estava no mar de bóia em bóia desenhando meus 10k. Um desenho que ficou registrado na mente anteriormente desafiada pelo corpo. 

Mente que, depois da prova, se descobriu na “mesma página” do corpo. Sim, os 10k me proporcionaram vivenciar essa poderosa união que segue firme até agora me incentivando a sonhar grande e querer realizar serenamente.

Os aprendizados?

- Foco absoluto nas referências maiores (prédios, montanhas) que me levariam no menor caminho para as bóias.

- A cada mudança de direção, deveria estar pronta para encarar uma estratégia diferente! Afinal, numa perna era onda na cara. Na outra, corrente jogando pra fora com ondulação que variava de 1 a 1.5m. Na seguinte, encarar onda quase com a potência do sorriso (se você não conhece a onda "sorriso" que aparece em Copacabana, pesquise) me puxando pro fundo e, depois, me jogando pro lado oposto da bóia destino. Na perna final, chegava tonta rumo ao pórtico para começar tudo novamente. Num recomeçar que jamais repetia as mesmas condições.

- A cada passagem na areia, o carinho de pessoas torcendo para que eu tivesse sucesso em realizar minha meta e me dando suporte por mais de três horas. 

- Dessa vez não pensei em desistir. Olha eu mudando de fase, minha gente! Que desistir de nossas metas mais sinceras de corpo e de alma jamais sejam uma opção!

- Estar 100% presente redefine nossa experiência de tempo e de espaço. É mágico. Em suma: não foi demorado e nem longe. 

- Só foi possível porque o Pedro & família Effect entregaram este festival impecável, porque a Andrea confiou na minha capacidade e me treinou para algo - em teoria pesado - de forma leve, porque na temporada do remo ganhei preparo físico, porque reduzir drasticamente o álcool por quem já bebia pouco “firmou” meu chão para encarar este e outros desafios: algo que só a sobriedade continuada poderia me proporcionar, porque num dia no ano de 2006 a Carol me deu uma inscrição para eu nadar minha primeira Travessia dos Fortes.

Os porquês assim como a gratidão por essa multidão que fez tudo isso virar realidade são infinitos. 

Que todos tenham vivido momentos ímpares neste domingo, 10 de dezembro de 2023. 

Que os aprendizados mais nobres sejam colocados em prática no ano que vem! 

Aliás, em 2024 tem mais. Bora ousar nas metas?